09/12/2018 às 08h49min - Atualizada em 09/12/2018 às 08h49min

Programa de Pedro Bial divulga denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus

Jornal Opção
Reprodução

O programa “Conversa do Bial”, apresentado por Pedro Bial, divulgou na sexta-feira, 7, denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus (João Teixeira de Faria), baseado em Abadiânia (Goiás) e mundialmente famoso.

Em três meses de investigação, a equipe de Pedro Bial colheu dez depoimentos de mulheres que afirmaram ter sofrido algum tipo de abuso sexual. Elas disseram que estavam em busca de tratamento espiritual, na Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, quando foram, de alguma maneira, abusadas sexualmente pelo celebrado médium.

“Em setembro, eu e a Camila [Appel, roteirista do programa] nos preparávamos para entrevistá-lo. Fizemos o convite para que o João viesse ao estúdio, mas eles nos convidaram para antes conhecer a casa e conversar com o médium lá”, afirma Pedro Bial. A pauta não era, inicialmente, sobre abuso sexual. “Topamos, mas depois decidi não ir. Como Camila já tinha iniciado a pesquisa, ela esbarrou em denúncias de abuso sexual cometidos em Abadiânia e começou a correr atrás da história.”

Camila Appel colheu o primeiro depoimento e, em seguida, outras mulheres decidiram falar, espontaneamente. “Ao todo, foram 11, um deles uma carta anônima que chegou à redação — e que nem consideramos na apuração, que inclui os testemunhos das 10 mulheres que realmente entrevistei”, afirma a roteirista do “Conversa com Bial”.

A profissional da TV Globo diz que os relatos são semelhantes, apesar de que, no geral, as mulheres possivelmente nem se conheçam. Camila Appel nota a fragilidade e vulnerabilidade das vítimas e sugere que o modo de operar do médium João de Deus não variava. “Entrevistamos mulheres de cidades e países diferentes que possuíam histórias assustadoramente semelhantes”, afirma.

Algumas mulheres ficaram em silêncio, no início, porque temiam o que chamam de “retaliação espiritual”. O poder do médium — ligado a governadores, senadores, magistrados — intimidou parte das mulheres. “Há casos de vítimas que não conseguem contar nem à própria família. Por medo e por vergonha”, afirma Appel.

Entre as mulheres, três são brasileiras e as demais do exterior. As brasileiras exigiram anonimato, por receio tanto de retaliação quanto do escândalo. Por vezes, de maneira equivocada, a vítima é trata como “responsável” pelo aconteceu. “Nunca tínhamos exibido depoimentos em off e até nos perguntamos se este tipo de assunto cabia no programa”, sublinha o coordenador de Conteúdo do programa, Fellipe Awi. A direção do programa e Pedro Bial concluíram que o assunto cabia no “Conversa com Bial” — que, de algum modo, se tornou mais um “Globo Repórter” do que um programa de entretenimento. Depreende-se que, para além da gravidade do assunto, a Globo está incentivando a busca de mais audiência. O assunto deve ser desdobrado pelos programas jornalísticos da rede.

Fellipe Awi frisa: “Como somos um talk show, sabíamos que era necessário ter gente no estúdio. E só as mulheres estrangeiras se sentiram seguras para falar em on”. Pedro Bial acrescenta: “A maioria dos talk shows é apresentada por comediantes, com uma pegada humorística. No ‘Conversa’, também fazemos programas com muito humor, mas não há como não refletir a formação do apresentador. A minha é jornalista. Um programa que procura refletir sobre a realidade e seus fatos não pode deixar de receber a verdade quando ela se apresenta. E a verdade bateu à nossa porta”.

“Há, nas vítimas, um grande desejo de que todo esse processo de energia, meditação e força que existe em Abadiânia não vá por água abaixo. Mas não às custas de abusos sexuais contra algumas mulheres”, ressalta Camila Appel.

As informações são do portal do Grupo Globo.


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