A família de Raimunda Rodrigues Sertão, de 84 anos, havia sepultado o corpo da idosa um dia antes de receber uma ligação perturbadora do Hospital Regional de Araguaína, onde ela havia sido internada com Covid-19. Do outro lado da linha, informaram que Raimunda estava viva, mas em estado grave. A morte teria acontecido na quinta-feira e o telefonema, na sexta. A Secretaria de Saúde do Tocantins garante que a paciente realmente morreu, mas não se sabe quando e nem quem foi enterrado no caixão. A família também não sabe de quem é o boletim médico que eles receberam por ligação.
“De domingo até quinta-feira eles ligavam com a informação de que o estado de saúde dela era grave, mas estável. Todos os dias eles ligavam com essa notícia. Na quinta-feira, por volta das 7h da noite, o médico ligou informando que ela havia morrido. A gente não podia reconhecer porque não podia entrar. Não teve como reconhecer o corpo nem o hospital, nem na funerária”, relata Luan de Sousa, 29 anos, neto de Raimunda.
Luan conta que voltou para casa depois de sepultar a avó, na sexta, e no início da noite o Hospital entrou em contato por telefone com a informação de que Raimunda estaria viva. “Uma médica ligou dizendo: a dona Raimunda tá bem, está grave, mas o quadro é estável. Como afirmaram que veio a óbito e depois liga dizendo que o quadro está estável? Estão tá bem? Tá viva?”, questiona o neto.
“Como é que a gente faz o enterro, tem a dor da perda de um ente querido e no outro dia, 24 horas depois, o pessoal do hospital liga dizendo que está viva, que está estável o quadro dela, que tá bem? Como que pode acontecer um erro desse? Agora não sabe, ficou a dúvida: quem é que está no caixão, quem que está no hospital que a médica passou o boletim médico?”, pergunta ele.
Luan diz que a família foi ao hospital e a equipe médica levou-os de setor em setor, até que uma assistente social mostrou uma foto que seria de Raimunda após a morte. Porém, a família não sabe quando a foto foi tirada e segue com dúvida. A Secretaria de Saúde disse que o óbito da paciente foi divulgado no boletim estadual deste sábado, que a situação é “inadmissível” e que toda a equipe “foi advertida”.