05/05/2018 às 20h38min - Atualizada em 05/05/2018 às 20h38min

Viva a Língua Portuguesa

https://www.infoescola.com/literatura/analise-do-poema-lingua-portuguesa/
Por Paula Perin dos Santos - Hajj Hamzah

Hoje, 05 de maio comemora-se o Dia Nacional da Língua Portuguesa. O Dia da Língua Portuguesa, também chamado de Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), é comemorado em 5 de maio. Esse é o dia internacional, pois todos os países cuja a língua materna é o português (os chamados lusófonos) celebram essa data. São eles: Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Além desse, há o Dia Nacional da Língua Portuguesa, que também é o dia da cultura brasileira, comemorado em 5 de novembro no Brasil.

Como surgiu a data?

A escolha da data decorre do dia do nascimento de Rui Barbosa, escritor e político brasileiro que se dedicou profundamente ao estudo da língua. É assim desde a entrada em vigor da Lei n.º 11.310, de 12 de junho de 2006, a qual instituiu essa data comemorativa. A comemoração do dia 5 de maio, por sua vez, foi criada em Cabo Verde no ano 2009.

Em Portugal, os portugueses reservam o dia 10 de junho, Dia de Portugal e feriado nacional, para celebrar a língua portuguesa. Foi nesse dia que, em 1580, um dos maiores poetas da nossa língua, Luís de Camões, faleceu.

Atividades para o dia

Com o objetivo de celebrar o uso de um dos idiomas mais falados no mundo, os países lusófonos costumam desenvolver atividades que têm como centro a valorização da língua portuguesa.

Assim, são promovidos encontros com escritores, conferências, apresentação de peças de teatro, transmissão de filmes, recitação de poesia, entre outros.

Nas escolas, os professores podem organizar atividades como:

  • realizar a semana da língua portuguesa, com uma gama de atividades
  • passar filmes ou documentários sobre história da língua portuguesa
  • propor alguns desafios de trava-línguas
  • fazer concursos de redação ou poesia
  • reunir os estudantes e realizar encenações teatrais sobre o tema
Homenagens à Língua Portuguesa

No poema Língua Portuguesa, o autor parnasiano Olavo Bilac faz uma abordagem sobre o histórico da língua portuguesa, tema já tratado por Camões. Este poema inspirou outras abordagens, como o poema “Língua”, de Gilberto Mendonça e “Língua Portuguesa”, de Caetano Veloso.

Esta história é contada em catorze versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos – um soneto – seguindo as normas clássicas da pontuação e da rima.

Partindo para uma análise semântica do texto literário, observa-se que o poeta, com a metáfora “Última flor do Lácio, inculta e bela”, refere-se ao fato de que a língua portuguesa ter sido a última língua neolatina formada a partir do latim vulgar – falado pelos soldados da região italiana do Lácio.

No segundo verso, há um paradoxo: “És a um tempo, esplendor e sepultura”. “Esplendor”, porque uma nova língua estava ascendendo, dando continuidade ao latim. “Sepultura” porque, a partir do momento em que a língua portuguesa vai sendo usada e se expandindo, o latim vai caindo em desuso, “morrendo”.

No terceiro e quarto verso, “Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os cascalhos vela”, o poeta exalta a língua que ainda não foi lapidada pela fala, em comparação às outras também formadas a partir do latim.

O poeta enfatiza a beleza da língua em suas diversas expressões: oratórias, canções de ninar, emoções, orações e louvores: “Amo-te assim, desconhecida e obscura,/ Tuba de alto clangor, lira singela”. Ao fazer uso da expressão “O teu aroma/ de virgens cegas e oceano largo”, o autor aponta a relação subjetiva entre o idioma novo, recém-criado, e o “cheiro agradável das virgens selvas”, caracterizando as florestas brasileiras ainda não exploradas pelo homem branco. Ele manifesta a maneira pela qual a língua foi trazida ao Brasil – através do oceano, numa longa viagem de caravela – quando encerra o segundo verso do terceto.

Ainda expressando o seu amor pelo idioma, agora através de um vocativo, “Amo-te, ó rude e doloroso idioma”, Olavo Bilac alude ao fato de que o idioma ainda precisava ser moldado e, impor essa língua a outros povos não era um tarefa fácil, pois implicou em destruir a cultura de outros povos.

No último terceto, para finalizar, quando o autor diz: “Em que da voz materna ouvi: “meu filho!/ E em que Camões chorou, no exílio amargo/ O gênio sem ventura e o amor sem brilho”, ele utiliza uma expressão fora da norma (“meu filho”) e refere-se a Camões, quem consolidou a língua portuguesa no seu célebre livro “Os Lusíadas”, uma epopéia que conta os feitos grandiosos dos portugueses durante as “grandes navegações”, produzida quando esteve exilado, aos 17 anos, nas colônias portuguesas da África e da Ásia. Nesse exílio, nasceu “Os Lusíadas”, uma das oitavas epopéias do mundo.

Poema na íntegra:

"LÍNGUA PORTUGUESA"

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac (1865 - 1918)

É responsabilidade de todos nós o zelo pela Língua Portuguesa. Com o advento da INTERNET,  se Olavo Bilac voltassa à vida, ele com certeza a classificaria de novo, de inculta e bela.

A paz esteja convosco.

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