Rodrigo LealEm tempos de Jogos Olímpicos, muito se opina sobre o financiamento para o esporte nacional. Nesse sentido, é interessante se informar sobre o assunto, não?Sendo assim, podemos começar conhecendo o programa federal Bolsa Atleta, que é um dos maiores programas de patrocínio individual esportivo do mundo, criado em 2004 (há apenas 20 anos) e que conta com seis categorias. Nessas duas décadas de existência, atendeu a mais de 37.000 atletas. Após a recriação do Ministério do Esporte, em 2023 (havia sido extinto em 2019), e depois de 14 anos, houve um reajuste nas bolsas de mais de 9.000 atletas contemplados em 2024.
Após o reajuste, os valores em cada categoria são: Atleta de Base e estudantil: R$ 410,00; Nacional: R$ 1.025,00; Internacional: R$ 2.050,00; Olímpico/Paralímpico: R$ 3.437,00; Pódio (a principal, voltada para esportistas com chances reais de medalha em megaeventos): de R$ 5.543,00 a R$16.629,00. Antes do reajuste, o valor da bolsa pódio chegava a R$ 15.000,00. Dos 279 atletas brasileiros que foram para os Jogos de Paris/2024, 244 recebem o Bolsa Atleta (equivalente a 87,45%), 98% têm histórico no programa do Governo Federal e apenas cinco nunca receberam o benefício.
Além disso, contamos com o Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento (PAAR), executado pelas Forças Armadas, criado pelo Ministério da Defesa, em 2008. Hoje, o PAAR beneficia 533 atletas de 35 modalidades, que usufruem de instalações esportivas para treinamento e contam com todos os direitos da carreira militar - salário, décimo-terceiro, férias, assistência médica, odontológica, psicológica, nutricional e de fisioterapia, entre outros benefícios. O número de atletas militares brasileiros aumentou para os Jogos de Paris em comparação à edição de Tóquio, realizados em 2021. Noventa e oito representantes das Forças Armadas estão competindo em Paris (97 do PAAR e 1 de carreira), representando 35,5% da nossa delegação. Tivemos 91 em Tóquio, 145 na edição Rio/2016, e 51 em Londres/2012.
Os principais programas esportivos - que não são só esses dois, havendo, ainda, a Lei das Loterias e a Lei de Incentivo ao Esporte, por exemplo - podem não suprir todas despesas técnicas dos atletas, mas é incontestável que são apoios relevantes.
No entanto, em meio a lágrimas de felicidade ou de decepção dos atletas, de vitórias, derrotas e muitas emoções em tempos de Jogos Olímpicos, vemos muitas críticas sobre o financiamento esportivo, principalmente, nas redes sociais. Não é raro percebermos que há pessoas que só se lembram de que o esporte precisa de apoio de quatro em quatro anos, acompanhando o ciclo Olímpico, e sequer sabem como funcionam nossos programas esportivos federais. Deve-se reconhecer, para além disso, que temos problemas estruturais e complexos em nosso país, que são priorizados e que acabam empurrando o esporte para o segundo plano.
Isso quer dizer que não podemos fazer críticas? Claro que não! Mas é necessário compreender o mínimo sobre o contexto que se quer criticar!
Um assunto que merece ser mais discutido, por exemplo, é referente ao fato de que deveria haver mais recursos investidos no nível do Esporte Para Toda Vida (ou de lazer) e no nível Educacional, o que poderia, de fato, ser impactante para uma mudança cultural e de hábitos no país quanto à prática esportiva e, quem sabe, infuenciar nossos futuros quadros de medalhas.
(*) Katiuscia Mello Figuerôa é doutora em Ciências da Atividade Física e Desportiva, professora da área de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.
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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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