21/08/2023 às 19h42min - Atualizada em 22/08/2023 às 00h00min

Djamila Ribeiro e Mia Couto na Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto na quarta-feira (16)

O anfiteatro da Biblioteca Sinhá Junqueira e a sala principal do Theatro Pedro II ficaram pequenos para receber o público que estiveram presente para ouvir a filósofa brasileira relacionada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, e o escritor moçambicano de reconhecimento global por sua obra que soma mais de 30 livros

Verbo Nostro
Djamila Ribeiro na FIL (Foto: Sté Frateschi)
A noite de quarta-feira (16) foi concorrida na 22ªFIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto. Logo na abertura, às 18h, o auditório Meira Junior recebeu o filósofo e sociólogo Renato Janine Ribeiro para uma conversa sobre Democracia em Pauta, a partir de um panorama da realidade brasileira neste tema. Com mediação de Alexey Dodsworth - escritor e roteirista de histórias em quadrinho - e extensa participação da plateia, a atividade se configurou numa aula de política e sociedade.

“Democracia é um lugar onde a liberdade deve crescer. Mas sem cidades justas, a democracia não se coloca plenamente”, pontuou Janine Ribeiro, ressaltando que a liberdade democrática não inclui o direito a cometer crimes. No Espaço Favela (CUFA), a roda de conversa foi sobre Ativismo nas redes sociais, com a jornalista Ana Mielke, a cientista social Jéssica Machado e a assistente social Taís Silva, especialista em enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. Uma das questões abordadas foi a responsabilidade na criação de conteúdo, especialmente com adolescentes. Jéssica Machado ressaltou que é importante ter claro que internet e computador não são somente redes sociais. “Há muita coisa boa e interessante para crianças e adolescentes terem contato por meio da internet e dos computadores. Mas é um público que precisa de orientação direcionada, principalmente aquele que está nas regiões periféricas da cidade”, colocou. Na mesma esteira, o preconceito linguístico e a exclusão social foram temas abordados na mesa redonda com Erika Chiarello, Renata Cortez, Michel Ramos e Marília Scorzoni, no Auditório Meira Junior.

A literatura e seus impactos

Destaques da programação do dia, os encontros com a filósofa e escritora Djamila Ribeiro e com o escritor Mia Couto foram disputados. Na Biblioteca Sinhá Junqueira - com anfiteatro e quintal lotados -, Djamila centrou a conversa em seu livro “Cartas a minha avó”, resultado das mudanças de ritmo impostas pela pandemia do coronavírus. “Foi um período difícil, em que precisei fazer o exercício de parar. Mas isso me fez voltar meu olhar para mim, que foi importante”, contou a escritora.

Entre a uma e outra leitura de trechos do livro, Djamila Ribeiro falou sobre sua trajetória pessoal e profissional, estabelecendo pontes entre a criação numa família preta preocupada com sua formação educacional e independência como mulher enquanto também convivia com a dureza da disciplina, focada em não dar motivos para ninguém falar qualquer coisa negativa da família preta. “Minha mãe fazia questão de manter a casa limpíssima e, mesmo assim, vivia se desculpando por ‘qualquer coisa’ quando recebia amigas”, revelou.

A escritora ainda comentou que o processo de escrita de “Cartas...” a ajudou a fazer as pazes com sua ancestralidade feminina e a refletir sobre não ter a pressa da lógica capitalista. Recortes de racismos diversos diariamente enfrentados pela mulher negra, reprodução automática de educação impositiva e os cansaços que experienciou em sua carreira como socióloga, também integraram o bate-papo.

Fazendo contraponto à fala forte de Djamila, o escritor Mia Couto colocou sua interlocução doce à disposição da plateia do Theatro Pedro II. Com mediação da escritora Aline Bei - que leu trechos de diferentes livros de Mia Couto -, o autor moçambicano protagonizou uma conversa delicada, sensível e profunda sobre o impacto e a abrangência que a literatura é capaz de produzir tanto em quem lê como em quem escreve. “Nunca imaginei que poderia me comunicar com as pessoas da forma como me comunico porque fui uma criança muito quieta, tímida e até estranha”, disse.

Para responder à pergunta sobre a descoberta como escritor, Mia - que é biólogo atuante em seu país -, contou que não foi algo planejado. “Jamais pensei que ser escritor fosse algo que eu teria que decidir. A realidade é tão constrangedora, tão normativa, e isso me ajudou a me encontrar como escritor”. As relações familiares também fizeram parte do bate-papo. O autor falou ainda do espaço afetivo de contar histórias que era a cozinha de sua casa na infância, sobre a descoberta da poesia de Manoel de Barros, da construção de vozes femininas em sua narrativa e do elemento passional que pontua sua relação com os livros. “Se não há um jogo, uma diversão, uma alegria e uma imaginação na proposta, o livro não funciona para mim”, enfatizou.

Sobre seu processo de escrita, o autor compartilhou que cada livro tem sua história nesse sentido e que o pensar é uma atividade do corpo inteiro. Não somente da cabeça. Amante de livros físicos, Mia Couto pontuou a separação que há entre o exercício da leitura e o da criação, e expressou sua preocupação com criança e adolescentes nessa relação. “Ler é importante, mas as crianças e os adolescentes não podem perder o gosto por, também, contar histórias. As suas histórias”. Ao se despedir, Mia Couto fez a revelação que o público queria ouvir. “Ano que vem, estarei aqui novamente”.

Outras reflexões

A obra “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga foi discutida na Sessão Vestibular (Instituto SEB) de forma teatral. O Grupo Gorki apresentou “As Liras de Marília e os versos de Dirceu”, aliando o teatro físico e experimental a fundamentos sociológicos e filosóficos. A proposta da atividade foi levar aos estudantes do Ensino Médio discussões sobre obras literárias brasileiras de forma multicultural.

“Apresentamos aos alunos a rima, a leitura dramática, o teatro e a música numa junção única, buscando tornar a leitura prazerosa”, disse Tadeu Terra, coordenador pedagógico do NAU Vestibular. Para Antônio Rezende, diretor da peça, “quando o aluno apenas lê a obra, o texto pode se tornar algo morto, mas a vivência a partir do elemento cênico, oferece amplitude e grandiosidade à obra original”, completou o diretor.

Na mesa redonda “Incubadora Cultural”, com participação dos escritores Camilo André Mércio Xavier, Heloísa Alves, Elaine Assolini e Cláudia Cantarella, foram apresentadas novas plataformas do projeto homônimo, criado em 2013, que funciona como uma estrutura capaz de gerar, construir um acervo, acompanhar e difundir bens culturais. “A literatura é a arte das palavras. Ela subverte, revoluciona e nos faz pessoas melhores. Que haja muitos livros, leitura, literatura e escrita nas mãos de todas as crianças e jovens”, comentou Elaine Assolini. O site e o instagram da plataforma ficarão à disposição dos alunos, para ser nutrida com suas produções. 

No Estande Diversidade, o educador físico Antônio Matiavvo coordenou a dinâmica do evento “Vivência da Diversidade: Desafios da Inclusão”, promovida pelo projeto SOMAR, abordando a necessidade da inclusão. Foram realizadas atividades comuns, com inserções de simulações de baixa mobilidade e baixa visão. Todo o material utilizado foi produzido com reciclagem. “Fizemos uma associação entre os brinquedos reciclados e com a sociedade, para reciclar seu comportamento e entendimento em relação às pessoas deficientes. Todos somos diversos”, afirmou o educador.

O tema “O caminho do meio” foi debatido no Salão de Ideias, no auditório Pedro Paulo da Silva (Centro Cultural Palace). Diversos temas foram envolvidos, como sabedoria divina, dualidade, crenças, preconceitos e despertar da consciência, entre outros. “Foram vários momentos interligados a partir de um tema central, para se chegar no caminho do meio”, explicou Carmem Moreira, presidente da Loja Teosófica Paz Profunda e uma das palestrantes da atividade. Também participaram Bertha M. Sanchez, Diego Balbino, Geraldo Medeiros, Marcos Zeri Ferreira e Waldomiro W. Peixoto. “O meio é equilíbrio que devemos encontrar”, finalizou Carmem Moreira. 

Realização FIL

Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Usina Alta Mogiana, GS Inima Ambient e Fundação do Livro e Leitura apresentam a 22ª FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto.

Patrocínio Diamante
Usina Alta Mogiana e GS Inima Ambient.

Patrocínio Ouro
GasBrasiliano, Savegnago e Itacuã.

Patrocínio Prata
Passalacqua, Ourofino Agrociência, Tracan e RibeirãoShopping.

Patrocínio Bronze
Supermercados Gricki e Santa Helena.

Patrocínio
Acirp, Caldema Equipamentos Industriais, Interunion, Riberfoods, Santiago e Cintra Geotecnologias, Suprir e Vantage GeoAgri.

Instituição Cultural
Sesc

Apoio

Fundação Dom Pedro II – Theatro Pedro II, Biblioteca Sinhá Junqueira, Centro Cultural Palace, Instituto do Livro, CUFA, A Fábrica, Teatro Municipal de Ribeirão Preto, Dauriti Distribuidora, Apis Flora, Stéfani Purificadores, Molyplast Brasil, Passalacqua Tech, Cenourão, Santa Emília, Coderp, Transerp, Guarda Civil Municipal, Polícia Militar, Secretaria da Cultura e Turismo, Secretaria da Educação e Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Infraestrutura da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.

Apoio Cultural

Colégio Marista, DE Região de Ribeirão Preto, ETEC – José Martimiano da Silva, Fundação Educandário Cel. Quito Junqueira, SESI, Centro Universitário Barão de Mauá, Centro Universitário Moura Lacerda, Unaerp, Adevirp – Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto, Associação de Surdos de Ribeirão Preto, CAEERP, Fundação FADA, Fundação Panda, Ribdown – Associação  Síndrome de Down de Ribeirão Preto, SOMAR, ONG Arco Íris, Alma – Academia Livre de Música e Artes, Convention & Visitors Bureau – Ribeirão Preto e região, Monreale Hotels, NW3 Comunicação, Grupo Utam, Painew, Verbo Nostro Comunicação Planejada e IPCCIC – Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais.

Sobre a Fundação

A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, responsável pela realização da Feira Internacional do Livro da cidade.  Com uma trajetória sólida, projeção nacional e mais recentemente internacional, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação do Livro e Leitura se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.

Mais informações:
www.fundacaodolivroeleiturarp.com
Instagram: @fundacaolivrorp
Facebook: @fundacaodolivroeleiturarp
YouTube: /FeiraDoLivroRibeirao 
Twitter: @FundacaoLivroRP

Atendimento à Imprensa
Verbo Nostro Comunicação Planejada

(16) 3632-6202 / 3610-8659
Jornalistas responsáveis: 
Andrea Berzotti (16) 99138 6185 ([email protected])
Luciana Grili (16) 99152 2707 ([email protected])
Valter Jossi Wagner (16) 99152 2700 ([email protected])
Colaboração: Gabriel Todaro e Regina Oliveira

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