15/08/2023 às 20h39min - Atualizada em 16/08/2023 às 02h00min

“A FIL foi meu espaço de formação literária, artística e pessoal”, entrega Luiza Romão

Verbo Nostro
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Fotos: Sté Frateschi
O domingo (13/8) na 22ª FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, foi dia de receber talento da casa. A atriz, poeta e slammer ribeirão-pretana, Luiza Romão, encontrou o público no Auditório Meira Junior para uma conversa que correu solta, emocionada e interativa. O ponto central do bate-papo foi o seu livro de poesias “Também guardamos pedras aqui”, vencedor de dois Prêmios Jabuti, nas categorias poesia e livro do ano.

Luiza falou sobre a construção dos poemas, emoção das premiações e de novos projetos. Antes, porém, passeou por memórias afetivas. “Logo que cheguei no aeroporto, fui inundada por uma nostalgia gostosa, lembrando os passeios que fazia ali aos domingos, levada pelos meus pais. E agora estou aqui, na FIL, essa feira que foi meu espaço de formação literária, artística e pessoal durante a infância”, recordou.

Uma das autoras homenageadas nesta edição do evento, Luiza Romão partilhou o processo de construção do livro, que nasceu a partir do espanto e choque que ela teve ao ler “Ilíada”, de Homero, obra clássica da mitologia grega. “Fiquei assombrada com tanta violência, tanta morte, tanto sangue. E os poemas, que são dedicados a diversos personagens de Ilíada, foram uma tentativa de elaborar aquela leitura tão espantosa”, pontuou.

Primeiramente atriz, como fez questão de sublinhar, Luiza se aproximou da poesia em eventos de slam (competição de poesia falada) e não fugiu dos pedidos da plateia para que lesse alguns poemas. Nesta segunda-feira, (14), a poeta voltou ao palco do auditório Meira Junior com a intervenção artística homônima ao livro premiado, junto com a artista Eme Barbassa. Na quinta-feira (17), será a vez de a atriz Luiza Romão entrar em cena no espetáculo “Garotas Mortas”, apresentado no Teatro Municipal pela Coletiva Palabreria, criada por ela. “Nadine” e “Sangria” são os outros títulos lançados pela autora.

Entre Carolina e Paulo
No outro encontro literário do domingo, o sociólogo e escritor Mário Medeiros falou sobre “A Descoberta do Insólito: literatura negra e periférica no Brasil”, livro nascido de suas pesquisas e estudos para a tese de Doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com o qual foi finalista do Prêmio Jabuti 2014, na categoria Ciências Humanas.

No encontro - que teve mediação da jornalista Cris Guterres e participação especial do sociólogo e escritor gaúcho Paulo Scott -, Medeiros destacou que a produção literária preta brasileira funciona como uma história coletiva. “Por meio dos autores negros é possível alinhavar uma narrativa completa sobre o apagamento da população negra ao longo dos séculos”, comentou.

Ele falou sobre a linha do tempo adotada na produção de “A Descoberta do Insólito”, onde estão, numa ponta, Carolina Maria de Jesus, e, na outra, Paulo Lins. “Minha pesquisa está situada entre esses dois autores pretos, com histórias distintas, mas representando a mesma coletividade e igualmente invisíveis ou, por muito tempo, vistos como literatura marginal”, explicou.

Medeiros abordou ainda a questão de como o mercado literário se comporta com autores pretos e a força da mulher neste cenário. “A primeira mulher livreira do Brasil é negra, ex-empregada da família Herz, da rede Cultura de livrarias. Com esse pessoal, ela aprendeu o ofício e abriu seu próprio negócio, em São Paulo, que existe até hoje”, ressaltou, lembrando que para a segunda edição de “A Descoberta...”, ele inseriu um capítulo sobre o papel central das editoras e livrarias negras e periféricas. “Empresas que sustentam esse mercado há anos”, enfatizou.

Paulo Scott, autor de 12 livros e também indicado ao Jabuti, destacou a importância da literatura para o resgate memorial massacrado pelo racismo. “A literatura tem papel fundamental na retomada do direito à imaginação e à memória do povo preto”, disse. “A literatura é a forma mais barata de viajar e de romper os limites do tempo e do espaço”, completou Medeiros, celebrando o crescimento da circulação de títulos de autores pretos e de eventos como a FIL para promoção do encontro entre escritores e leitores negros. Medeiros também é autor de “Gosto de Amora” (2019, finalista do Jabuti na categoria contos; e “Numa esquina do mundo” (2020, semifinalista do prêmio Oceanos). 

Palestra, roda de conversa e café filosófico
O domingo na FIL teve ainda diversas atividades infantis, música, distribuição de mudas e muita troca de ideias como na palestra “A apropriação da linguagem humana pela inteligência artificial”, tema debatido pela pesquisadora e professora Maria Conceição de Lima, no auditório Pedro Paulo da Silva (Centro Cultural Palace). A revolução tecnológica que desde o final do ano passado tomou conta do mundo foi abordada pela docente da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), ressaltando que “a comunicação humana não é mais exclusividade dos humanos e isso é de uma dimensão imensa porque foi justamente a linguagem que permitiu a evolução da inteligência humana”, colocou a palestrante.

No estande Diversidade, a conversa rolou em torno da temática do livro autobiográfico “Madame Satã”, de João Francisco dos Santos, que aborda o racismo, a questão de gênero e a homossexualidade num tempo histórico em que falar sobre esses assuntos era praticamente impossível. “A história do autor é muito significativa. Um personagem real que foi escravizado na infância e enfrentou muita adversidade quando mudou do Nordeste para o Rio de Janeiro”, disse a publicitária e artista drag Joy, que conduziu a atividade.

O tema “A dualidade em forças opostas: a literatura unindo princípios independentes e antagônicos” reuniu o público no auditório Pedro Paulo da Silva no café filosófico com participação de Fernanda Ripamonte, Marilda Franco Biziak e Nely Cyrino de Mello. Para a advogada, professora, escritora e poeta Fernanda Ripamonte, a escrita é permeada por dualidades e todas as partes que formam esse colar são importantes. “Quando o leitor escolhe um livro para ler, ele não exige um pensamento ou uma doutrina política. Ele quer uma história. Mas ainda que a política ou a filosofia não estejam no radar inicial, o leitor, automaticamente, vai confrontar suas ideias sobre esses temas com as ideias colocadas pela história que ele escolheu”, arrematou;

A sonoridade dos Gilsons

O domingo também chamou a atenção pelas famílias que vieram assistir aos espetáculos, performances, oficinas, estandes e pela quantidade de fãs dos Gilsons – atração principal da noite. O grupo veio direto da turnê que fez pela Europa com o patriarca da família, Gilberto Gil, autor homenageado da FIL. O show encantou a plateia com muita energia, poesia e um axé inexplicável que reverberou da sala principal do Pedro II e da Esplanada do teatro, com um único coro afinado. Francisco, João e José Gil, respectivamente netos e filho do compositor, expressaram a alegria de participar da feira e de receber o carinho do público. Eles citaram a beleza do teatro e a força dos livros. “Precisamos democratizar o livro cada vez mais. Estamos muito felizes de fazer esse show gratuito em uma feira do livro. Isso é maravilhoso”, acrescentou João Gil. 

A 22ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto segue até o próximo domingo (20), com programação para públicos de todas as idades, diariamente de 8h30 às 20h. A agenda completa está disponível no endereço www.fundacaodolivroeleiturarp.com.

Sobre a FIL
A 22ª edição da FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto teve início em 12 de agosto e vai até o próximo dia 20. Traz como tema central a proposição “Entre os extremos, as dualidades: a literatura como elo”. O evento acontece de forma presencial em 16 locais simultâneos e abertos ao público (a maioria no centro da cidade), além de dois espaços educacionais para atividades exclusivas e pré-agendadas.  

Para essa edição, os homenageados da FIL são: Gilberto Gil (autor), Gilberto Dimenstein (autor educação), Luiza Romão (autora local), Stella Maris Rezende (autora infantojuvenil), Danilo Santos de Miranda (patrono) e Madelaine Pires (professora).

Todas as atividades são gratuitas e abertas à população, como salões de ideias, conferências, palestras, mesas-redondas, oficinas, shows, espetáculos infantis, performances, contações de histórias, saraus, projetos educacionais, entre outras. 
A programação completa da FIL pode ser acessada no site da Fundação do Livro e Leitura: https://www.fundacaodolivroeleiturarp.com/ 

Realização  
Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas, Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Usina Alta Mogiana, GS Inima Ambient e Fundação do Livro e Leitura apresentam a 22ª FIL - Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto.
Patrocínio Diamante
Usina Alta Mogiana e GS Inima Ambient.

Patrocínio Ouro
GasBrasiliano, Savegnago e Itacuã.

Patrocínio Prata
Passalacqua, Ourofino Agrociência, Tracan e RibeirãoShopping.

Patrocínio Bronze
Supermercados Gricki e Santa Helena.

Patrocínio
Acirp, Caldema Equipamentos Industriais, Interunion, Riberfoods, Santiago e Cintra Geotecnologias, Suprir e Vantage GeoAgri.

Instituição Cultural
Sesc

Apoio
Fundação Dom Pedro II – Theatro Pedro II, Biblioteca Sinhá Junqueira, Centro Cultural Palace, Instituto do Livro, CUFA, A Fábrica, Teatro Municipal de Ribeirão Preto, Dauriti Distribuidora, Apis Flora, Stéfani Purificadores, Molyplast Brasil, Passalacqua Tech, Cenourão, Santa Emília, Coderp, Transerp, Guarda Civil Municipal, Polícia Militar, Secretaria da Cultura e Turismo, Secretaria da Educação e Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Infraestrutura da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.

Apoio Cultural
Colégio Marista, DE Região de Ribeirão Preto, ETEC – José Martimiano da Silva, Fundação Educandário Cel. Quito Junqueira, SESI, Centro Universitário Barão de Mauá, Centro Universitário Moura Lacerda, Unaerp, Adevirp – Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto, Associação de Surdos de Ribeirão Preto, CAEERP, Fundação FADA, Fundação Panda, Ribdown – Associação  Síndrome de Down de Ribeirão Preto, SOMAR, ONG Arco Íris, Alma – Academia Livre de Música e Artes, Convention & Visitors Bureau – Ribeirão Preto e região, Monreale Hotels, NW3 Comunicação, Grupo Utam, Painew, Verbo Nostro Comunicação Planejada e IPCCIC – Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais.     

Sobre a Fundação
A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, responsável pela realização da Feira Internacional do Livro da cidade.  Com uma trajetória sólida, projeção nacional e mais recentemente internacional, a entidade ganhou experiência e, atualmente, além da feira, realiza muitos outros projetos ligados ao universo do livro e da leitura, com calendário de atividades durante todo o ano. A Fundação do Livro e Leitura se mantém com o apoio de mantenedores e patrocinadores, com recursos diretos e advindos das leis de incentivo, em especial do Pronac e do ProAc.

Mais informações:
www.fundacaodolivroeleiturarp.com
Instagram: @fundacaolivrorp
Facebook: @fundacaodolivroeleiturarp
YouTube: /FeiraDoLivroRibeirao 
Twitter: @FundacaoLivroRP

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